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"Janela", pequenas coisas refletidas de modo diferente

 

Sempre que observo inadvertidamente ao redor, nada vejo além da paisagem reflexa ao meu olhar. Nada percebo além da perspectiva fugidia do acaso e do amontoado de ideias que nos achata a percepção. O modo de ver insiste em reduzir minha sensibilidade a um plano anterior à experiência, cercado de conceitos primários e referências culturais.

 

A pré-conceitualização do imaginário está tão condicionada a não-ver que pairamos como parnasos ou estetas banais na mais imperfeita translucidade. Tudo é ameno, simpático, ordinário e conveniente.

Tudo é estética ou pensamento. Nada se expõe à janela que não seja o conteúdo do fora-dentro, o espaço premeditado da nossa lógica.

O espaço ausente de nossas individualidades.

 

Ao transpor a JANELA, eu me exponho à individualidade e me debruço para o que se liberta e me prende. A convergência que se quadricula

 

 

não é a que se coloca óbvia à minha frente e sim a que eu suponho mais suscetível e sutil, menos imaginada pela minha experiência anterior. Esse dado sensível da minha procura é o que me transforma e instiga.

Qualquer olhar é banal. O olhar da JANELA não. Ele é um olhar espectro, olhar de soslaio, olhar que persegue um novo referencial sensível para explodir em detalhes. O momento perfeito da arte não é o que expõe uma paisagem ou um retrato que emociona, mas o que me permite sentir emissário de um novo olhar. Ao compor esse livro eu estou expondo o olhar circunstancial da minha JANELA, uma seleção de fotos que desejam estar ali fazendo parte daquele átimo de segundo emocional, orvalhos e plantas, carvalhos e carvão, sombras e cascalhos, poças e silhuetas, e a imensidade das pequenas coisas refletidas de modo diferente.

 

                                                                                                                              Alejandro Mahias

Caricatura do amigo Will do Brasil

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